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Voltada para estudantes que se veem diante do obstáculo que constituem as provas de ingresso às escolas militares (Colégio Naval, EPCAr, EsPCEx, Escola Naval, IME, ITA) e universidades, a Equipe Fermat tem como objetivo oferecer novo canal de acesso aos conceitos, propriedades e, sobretudo, exercícios da matemática elementar. “Sobretudo” porque acreditamos haver uma peculiaridade, nem sempre percebida, na matemática.

Diferentemente de outras matérias, em que a regra é “gostar antes de aprender”, na matemática, a regra é “aprender, para, só então, gostar”. Sendo assim, não há outro remédio, senão o recompensável esforço de dedicar-se à resolução de exercícios de maneira a vislumbrar pouco a pouco a sua lógica, tornando-a mais palatável, no início, e fascinante, a seguir.

Os exercícios seguirão uma ordem lógica, com vistas a cobrir o conteúdo de cada assunto que nos propusermos a analisar. Focaremos, inicialmente, o Colégio Naval e a EPCAr, tomando por base os editais dos concursos de admissão a essas renomadas escolas.

Sugestões e dúvidas serão sempre bem-vindas. Grande abraço a todos e mãos à obra.

1.1 CONJUNTOS

Para compreensão teórica do tema, ficam as recomendações:
  • Capítulo II do Fundamentos de Matemática Elementar – Vol 1. Gelson Iezzi e Carlos Murakami;
  • Questões de Matemática – Manoel Jairo Bezerra.

1. (UFF-RJ) Dado o conjunto P = { {0}, 0, Ø, {Ø} }, considere as afirmativas:
I.  {0}  P                 II. {0} P                 III. Ø  P
Com relação a essas afirmativas conclui-se que:
a. todas são verdadeiras.              b. apenas a I é verdadeira. 
c. apenas a II é verdadeira.          d. apenas a III é verdadeira.
e. todas são falsas.
          
Resolução:
i. A questão gira em torno de se saber a aplicação das relações de pertinência e de inclusão. Em breves linhas, utilizamos a relação de pertinência (  ou ) quando estivermos estabelecendo uma relação do tipo elemento – conjunto. Por sua vez, utilizamos uma relação de inclusão (, , ou ) quando estivermos estabelecendo uma relação do tipo conjunto – conjunto.
ii. Veja que {0} pode representar tanto o elemento “{0}” – o que torna a afirmação I verdadeira –, como o subconjunto formado pelo elemento “0” (ou seja, {0}) – o que torna a afirmação II verdadeira
iii. Ø é, assim como “{}”, o símbolo usual para o conjunto vazio – isto é, o conjunto que não possui elemento algum. Sendo um conjunto, a relação entre Ø e P deveria ser de inclusão (ØP). No entanto, na nossa questão, Ø também está representando um elemento de P (os elementos de P são: {0}, 0, Ø e {Ø}. Assim, podemos dizer que ØP – o que torna a afirmação III verdadeira.  
Portanto, TODAS as afirmativas são verdadeiras.
Resposta: A

2. (UFSE) Se A e B são dois conjuntos não vazios e Ø é o conjunto vazio, é verdade que, das afirmações
I) A Ø = {Ø}
II) (A − B) (B − A) = (A B) − (A B)
III) {A B} = {A} {B}
IV) Ø {Ø, A, B}
São verdadeiras somente:
a) I e II            b) II e III            c) II e IV            d) III e IV            e) I, III e IV
Resolução:
i. A interseção (“) do conjunto vazio com qualquer conjunto é um conjunto vazio. Então, em princípio, a afirmação I estaria correta. Ocorre que o conjunto vazio se representa por Ø ou “{ }”, e não por “{Ø}” – que significa um conjunto unitário formado pelo elemento “Ø”. Assim sendo, a afirmação I é FALSA.
ii.  A afirmação II será analisada mediante diagramas.  "A – B" representa o conjunto formado pelos elementos que pertencem a A, mas não pertencem a B (ou seja, “os elementos de A menos os elementos de B que pertençam a A”). Numa linguagem mais apurada, diríamos que A–B = A – (A B). Sua representação, em diagrama, é: 

Analogamente, temos que "B - A" será assim representado: 

Logo, a união de A - B com B -  A será: 

iii. Vejamos, agora, a representação em diagrama de (A B) − (A B). Primeiramente, A B:
 A seguir, A B:
Por fim, (A B) − (A B); ou seja, o que está hachurado em (A B) "apagando" o que também esteja hachurado em (A B):
iv. Veja que o diagrama do item ii é idêntico ao do item iii. Logo, a afirmação II é VERDADEIRA.
v. Na afirmação III, temos 3 conjuntos unitários diferentes: o primeiro – {A B} – é formado pelo elemento “A B”; o segundo – {A} –, pelo elemento “A”; e o terceiro – {B} –, pelo elemento “B”. A união de {A} com {B} – {A} {B} – compõe-se de dois elementos (“A” e “B”), sendo igual a {A,B}, e não {A B}. A afirmação III, portanto, é FALSA.
vi.  Por fim, temos a tradicional "armadilha" já analisada anteriormente. Sendo um conjunto, a relação entre Ø e {Ø, A, B} deveria ser de inclusão (Ø{Ø, A, B}). No entanto, na nossa questão, Ø também está representando um elemento de {Ø, A, B}.  Assim, também podemos dizer que Ø {Ø, A, B}– o que torna a afirmação IV verdadeira.  
Resposta: C.

3. Sejam os seguintes conjuntos:
A = {1, 2, 3}                       B = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}                       C = B – A
Os números de subconjuntos que se podem formar a partir de A, de B e de C, respectivamente, são:
a. 8, 16 e 32                    b. 8, 128 e 32                    c. 8, 128 e 16     
                     d. 12, 28 e 16                  e. 3, 7 e 4
Resolução:
i. A partir do conjunto A, podemos formar os seguintes subconjuntos: Ø (obs.: o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto; inclusive de um conjunto vazio), {1}, {2}, {3}, {1,2}, {1,3}, {2,3} e {1,2,3} (obs.: qualquer conjunto é subconjunto dele mesmo). Portanto, a partir do conjunto A, podemos formar 8 SUBCONJUNTOS.
ii. A propósito, chamamos de “conjunto das partes de um conjunto X” – representado por “P(X)” – o conjunto formado pelos subconjuntos desse conjunto X. Assim, o conjunto das partes do conjunto A é: P(A) = {Ø, {1}, {2}, {3}, {1,2}, {1,3}, {2,3}, {1,2,3}}, cujos elementos são os subconjuntos formados a partir de A. Veja que o número de elementos de P(A) – que chamaremos “n(P(A))” – é, obviamente, igual ao número de subconjuntos formados a partir de A.
iii. Mas o conjunto A tem apenas três elementos, o que nos permitiu contar o número de subconjuntos formados por seus elementos contando seus subconjuntos um a um. Para um conjunto com número maior de elementos, esse processo se tornaria inviável. Para isso, existe uma forma de calcular a quantidade de subconjuntos de um conjunto X qualquer de n elementos, sem descrever esses subconjuntos. O cálculo é feito pela fórmula n(P(X)) = 2n, em que n(P(X)) é o número de elementos do conjunto das partes de X – isto é, o número de subconjuntos de X – e n, o número de elementos desse conjunto X. Veja que, por exemplo, o número de subconjuntos que se podem formar a partir do conjunto A será 23 = 8 subconjuntos – exatamente o que tínhamos achado. Assim, o número de subconjuntos do conjunto B será n(P(B)) = 27 = 128 (imagine descrever 128 subconjuntos!!!).
iv. Para calcular o número de subconjuntos de C, temos de saber seu número de elementos. O enunciado diz que C = B – A, ou seja, C é formado pelos elementos que pertencem a B, mas não pertencem a A (ou seja, “os elementos de B menos os elementos de A que pertençam a B”). Numa linguagem mais apurada, diríamos que B–A = B – (B A). Assim, C = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} menos {2,3} (que são os elementos de B que também pertencem a A) è C = {4, 5, 6, 7, 8}. Como C tem 5 elementos, o número de subconjuntos de C será n(P(C)) = 25 = 32. 
Resposta: B 

4. (U.F.PE) Seja S = {S1, S2, S3} o conjunto de sintomas de uma determinada moléstia. Em geral, um portador desta moléstia apresenta apenas um subconjunto não vazio de S. Assinale a única alternativa correspondente ao número de subconjuntos de S que poderão apresentar os pacientes portadores desta moléstia:
a. 7                     b. 8                     c. 16                    d. 15                     e. 17
Resolução:
i. Vimos que existe uma forma de calcular a quantidade de subconjuntos de um conjunto X qualquer de n elementos, sem descrever esses subconjuntos, o que é feito pela fórmula n(P(X)) = 2n. A fórmula 2n contabiliza TODOS os subconjuntos que podemos formar com os n elementos de um subconjunto X, o que inclui o conjunto vazio – que, como vimos, é subconjunto de qualquer conjunto. Assim, para encontrarmos o número de subconjuntos NÃO VAZIOS de um dado conjunto X, basta fazer n(P(X)) – 1 (ou seja, descontar o conjunto vazio).
ii. Na nossa questão, o conjunto S tem 3 elementos. Logo o número de conjuntos não vazios de S será: 23 – 1 = 7.
Resposta: A

5. (CN – 2006) Observe os conjuntos A={3,{3}, 5, {5}} e B={3, {3, 5}, 5}. Sabendo-se que n(X) representa o número total de elementos de um conjunto X, e que P(X) é o conjunto formado por todos os subconjuntos do conjunto X, pode-se afirmar que:
a. n (AB) = 3          b. n (AB) = 7           c. n (A – B) = 2    
                   d. n(P(A)) = 32                e. n(P(B)) = 16
Resolução:
i. Como sabemos, “A∩B” (interseção dos conjuntos A e B) representa o conjunto formado por elementos que pertencem a A e a B, SIMULTANEAMENTE. Sendo assim, A∩B = {3,5}, o que torna a alternativa “a” FALSA – n(A∩B) é, na verdade, igual a 2 .
ii. Como sabemos, “A∪B” (união dos conjuntos A e B) representa o conjunto formado por elementos que pertencem a A ou a B. Sendo assim, A∪B = {3, {3}, 5, {5}, {3,5}}, o torna a alternativa “b” FALSA – n(A∪B) é, na verdade, igual a 5.
iii. Como vimos anteriormente, “A – B” representa o conjunto formado pelos elementos que pertencem a A, mas não pertencem a B (ou seja, A–B = A – (A ∩ B)). Sendo assim,     A – B = {{3}, {5}}, o que torna a alternativa “c” VERDADEIRA.
iv. Como vimos anteriormente, n(P(A)) = 2n = 24 = 16, e não 32, o que torna a alternativa “d” FALSA.
v. Como vimos anteriormente, n(P(B)) = 2n = 23 = 8, e não 16, o que torna a alternativa “e” FALSA.
Resposta: C

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